O Hospital Oncológico Infantil Octávio Lobo (Hoiol) realizou nesta segunda-feira (30), mais uma edição do projeto “Pequeno Chefs”, no refeitório do segundo andar. As crianças com idades entre 2 e 12 anos aprenderam a receita de Alfajor, um doce preparado com duas bolachas formando um sanduíche de recheio de doce de leite, todo coberto com chocolate e granulados. Os cozinheiros infantis aprenderam passo a passo como fazer a guloseima, conforme a orientação da Chef de Cozinha Verenna Silva.
Coordenado pelo Escritório de Experiência do Paciente (EPP) do Hoiol, o projeto realizado em parceria com o Serviço de Nutrição e Dietética, surgiu para proporcionar um momento de descontração e leveza aos usuários, os quais passam por longos períodos de tratamento e hospitalização. “Temos uma boa adesão ao projeto, assim como as crianças os pais curtem muito ver os filhos preparando os alimentos. É uma maneira delas degustarem algo diferente da dieta hospitalar e como elas mesmos preparam, sentem mais vontade de comer”, informou Elizabeth Cabeça, assistente do EPP.
Segundo uma pesquisa realizada em parceria pelas universidades de Otago (Nova Zelândia), Carolina do Norte e Minnesota (Estados Unidos) e publicada no The Journal of Positive Psychology, cozinhar está entre a lista de atividades criativas que ajudam a combater a depressão e a ansiedade. O estudo acompanhou 658 jovens que realizaram atividades gastronômicas durante duas semanas.
A supervisora de Nutrição, Alessandra Barata, explica que os benefícios vão além da socialização, “cozinhar melhora habilidades sociais, a memória e ameniza o estresse, assim como incentiva a alimentação dos usuários”. Segundo ela, após a Chef de Cozinha sugerir as ideias, as receitas passam pela avaliação da nutrição para então somente serem liberadas para a produção e consumo pelos pequenos chefes. Aqueles que não podem ir ao refeitório, recebem a guloseima no leito.
“Muitos deles estão hospitalizados desde muito pequenos, portanto não tiveram o contato com o alimento, nem puderam sentir as diferentes texturas ou fazer aquela lambança em casa, característica da infância. Aqui, a criança prepara o alimento que vai consumir e isso faz muita diferença. Elas comem com prazer, algo que é comprometido pelos efeitos colaterais da quimioterapia, como enjoo e outras situações”, esclareceu.
Mãe da pequena Ana Vitória, Vanusa Pinheiro, 23 anos, participa com frequência das atividades lúdicas. Ela veio do município de Igarapé-Miri em busca de tratamento para a menina que foi diagnosticada com uma doença rara. A Histiocitose das Células de Langerhans (HCL) normalmente afeta crianças e pode acometer diversas partes do corpo, e é caracterizada por uma proliferação das células mononucleares com infiltração local ou difusa nos órgãos.
“Minha filha gosta muito de estar nesses eventos, até mesmo pelo tempo que está hospitalizada, então é uma distração muito grande. Ela se diverte e eu também. Já viemos de outro hospital e estamos há seis meses no Hoiol, ou seja, estamos há quase um ano longe de casa”, contou.
O agricultor Ezequias Santos, 33 anos, é morador do município de Concórdia do Pará. Ele é pai de Eric Trindade dos Santos, 10 anos, e incentiva o menino a participar das programações. A família experimentou o doce pela primeira vez. “Gostei bastante, é uma ajuda para ele se alegrar também. Essa é a segunda vez que meu filho participa do projeto e já perguntou quando vai ter de novo, quer mais”. O menino está há quatro meses em tratamento contra leucemia e na segunda internação. “Foi muito gostoso e divertido”, disse Erick.
Serviço: Credenciado como Unidade de Alta Complexidade em Oncologia, o Hospital Oncológico Infantil Octávio Lobo é referência na região Norte no diagnóstico e tratamento especializado do câncer infantojuvenil, na faixa etária entre 0 a 19 anos. A unidade é gerenciada pelo Instituto Diretrizes, sob o contrato de gestão com a Secretaria de Estado de Saúde Pública, e atende pacientes oriundos dos 144 municípios paraenses e estados vizinhos.
Texto: Leila Cruz – Ascom Hoiol
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