Mais de 50 projetos fazem a diferença durante a internação de crianças e adolescentes assistidos no hospital da rede pública do Pará gerenciado pelo ID
A vontade de ajudar e de fazer a diferença na vida daqueles que mais precisam movem pessoas diariamente em todos os cantos do planeta. Informações divulgadas em 2021 pela Pesquisa Voluntariado no Brasil e conduzida pelo Datafolha apontou que existem mais de 50 milhões voluntários ativos no País. Conforme o levantamento, cada pessoa dedicou, em média, 18h por mês às causas sociais, o equivalente a 12 bilhões de horas por ano. Uma das áreas de atuação é a saúde, cujas atividades e doação de tempo apoiam a assistência e ajudam a mudar o dia de vários pacientes.
Muitas e diferentes motivações levam uma pessoa a exercer esse tipo de atividade: vontade de ajudar, exercer a cidadania, defender uma causa, adquirir novas habilidades. Mas, para a cerimonialista, Marina Morais, 49 anos, esse propósito veio do berço. Ela é uma entre os mais de 100 voluntários do Hospital Oncológico Infantil Octávio Lobo (HOIOL), situado em Belém, no Pará, e gerenciado pelo Instituto Diretrizes (ID).
“Sou voluntária por natureza porque meus pais sempre foram voluntários, aprendi com eles. Com a pandemia da Covid-19, ficamos parados, mas o hospital infantil foi um dos primeiros a retornar com essa atividade. Sou voluntária desde 2021. Comecei com a assistência religiosa e depois que ‘peguei na ponta do novelo’ virou um trabalho sem fim.”
Marina também desenvolve contação de histórias, visita religiosa, festas infantis em datas especiais e comemorativas, doações de livros e materiais bíblicos. “Um dos projetos que temos é o coral, composto não somente pelos voluntários, como também pelos colaboradores do HOIOL. É algo extremamente emocionante, um medley com um mix de música e encenação. O voluntariado é o sentido da minha vida hoje, eu não conseguiria existir sem fazer esse tipo de trabalho”, disse.
A artesã e professora de língua portuguesa, Simone Quitel, 49 anos, é membro do Projeto “Mãos Arteiras”, coordenado pela Capelania Hospitalar da Igreja Angelim. Toda quinta-feira comparece à unidade de saúde para ensinar um artesanato sustentável às genitoras dos pacientes no ateliê GAIA (abreviação para Gerar Amor, Ideias e Arte), do hospital. O desejo de exercer uma atividade voluntária surgiu quando o genitor foi acometido por um câncer.
“Ficávamos muito sozinhos no hospital onde ficou internado. Meu pai faleceu, infelizmente, porém senti vontade de continuar frequentando o ambiente hospitalar, mas como voluntária. Sou professora de educação especial e tenho muito afeto pelas crianças”, disse Simone, que ainda recorda do dia em que visitou o Oncológico Infantil pela primeira vez. “Eu me apaixonei. Percebi que, mesmo estando aqui, elas não têm ideia daquilo que estão passando. Queria construir e fazer parte das boas lembranças delas, porque me sinto feliz fazendo o bem. Saio sempre muito renovada, feliz, e com o sentimento de ter feito algo importante para alguém”, disse Simone.
As ações sociais desenvolvidas, de forma individual ou em grupo, por pessoas como Simone e Marina ajudam o hospital a cumprir com a missão de proporcionar tratamento humanizado às crianças e adolescentes assistidos na instituição. “Eles nos ajudam de muitas formas, presencialmente ou à distância. São seres humanos especiais que se organizam para dedicar tempo, atenção e habilidades em benefícios dos enfermos. Muitas vezes deixam os trabalhos e as famílias para estarem aqui, conosco, e pra fazer com que as nossas ações de humanização possam acontecer”, afirmou a brinquedista da equipe de Humanização do HOIOL, Bianca Domingues, 27 anos.
“Esse envolvimento livre e espontâneo é realmente algo muito especial, percebemos a satisfação em contribuir com o trabalho desenvolvido pelo hospital e deixar o ambiente mais acolhedor. Contamos com os voluntários para tudo, fazer decoração, doar brinquedos e materiais para as programações. Sempre estão envolvidos de corpo e alma, sem encontrar barreiras. É uma das coisas mais bonitas que consigo perceber, eles não recebem nada além do sorriso, de um abraço e o pedido de bis dos nossos pequenos”, completou Bianca.
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