Mágico e palhaços ajudam a descontrair pacientes de câncer do Hospital Octávio Lobo

Show na brinquedoteca do segundo andar entreteve crianças e adolescentes internados com o trabalho voluntário dos artistas

Um espetáculo montado no Hospital Oncológico Infantil Octávio Lobo (Hoiol), em Belém, encantou pacientes, acompanhantes e colaboradores da instituição. A semana contou com programações cujas temáticas reconheciam o Dia do Circo como uma importante data para a arte circense no Brasil. Dinâmico e animado, o show do mágico Nathan Corrêa arrancou sorrisos genuínos e expressões de surpresa a cada truque elaborado. Já as gargalhadas foram garantidas com as trapalhadas do Palhaço Maluquinho, interpretado pelo voluntário Isaac Barbosa..

Caracterizados de palhaços, os colaboradores ampliaram a magia criada com o cenário e promoveram maior interação do público com os artistas. Cada número apresentado foi recebido com aplausos entusiasmados dos usuários. Para a coordenadora de Humanização, Natacha Cardoso, uma pausa bem-vinda na jornada de enfrentamento ao câncer.

“Por meio do sorriso e da descontração, amenizamos os efeitos da hospitalização. Nessa ação, trouxemos a interação com a arte circense para que conheçam e entendam a importância de uma das principais expressões artísticas do cenário nacional”, afirmou.

Suporte – Natacha explica ainda que o setor busca mitigar sentimentos como medo, isolamento e ansiedade comumente associados à hospitalização. Segundo a pedagoga, as atividades recreativas, realizadas em parceria com o voluntariado, oferecem suporte emocional e maior interação social.

“Nosso setor conta com educadores de várias áreas e pensamos o atendimento de forma transversal, com a troca de saberes e atividades interdisciplinares. A pedagogia  desenvolve o emocional, o social e o cognitivo das crianças. Já a educação física trabalha atividades voltadas ao adolescente e a arte-educação busca a interação musical e enfatiza a importância desse conhecimento para o desenvolvimento humano como um todo. A interação entre esses educadores nos permite entregar melhores resultados durante as atividades propostas”, garantiu Natacha.

O Hoiol está em constante captação de voluntários, que são entrevistados e capacitados antes da efetivação do cadastro na instituição. “Procuramos entender os motivos que os motivaram, porque entendemos que ser voluntário é doar-se à uma causa maior, dar amor ao próximo, sem buscar reconhecimento”, explicou a coordenadora.

Atmosfera mágica – Sempre que pode, o mágico Nathan Corrêa visita o hospital para apresentar um espetáculo adaptado ao ambiente hospitalar. “O Dia do Circo é um dia de alegria, diversão e magia. É um momento especial onde posso levar sorrisos e encantamento para as crianças, criando memórias felizes que ficarão para sempre em seus corações”, afirmou o ilusionista, que se diz muito grato à instituição e aos espectadores. “É maravilhoso arrancar um sorriso sincero e espontâneo das crianças. Ver a felicidade estampada  nos rostinhos é algo indescritível e renova as energias”.

Ele conta que o carinho pelo público infantil e a vontade de levar sorrisos e esperança para crianças em tratamento oncológico foram determinantes para que ingressasse no trabalho voluntário. “A experiência de interagir e passar tempo com as crianças durante as atividades é incrível. É gratificante ver o brilho nos olhos delas, a alegria estampada em seus rostos e a energia contagiante que elas transmitem. É um momento de troca, aprendizado e conexão verdadeira”, disse Nathan.

 “Os maiores desafios de ser voluntário são lidar com as emoções intensas que surgem nesse ambiente. É importante manter a empatia, a compaixão e a força interior para apoiar as crianças e suas famílias da melhor maneira possível. Por isso, meu conselho para aqueles que querem se voluntariar é que se entreguem de coração aberto, com amor, respeito e dedicação. Estejam presentes, ouçam, abracem, brinquem e compartilhem momentos especiais. Cada gesto de carinho faz a diferença e pode transformar vidas”, afirmou.

Fé – A paciente Dandhara Santos deu entrada na unidade em 2017, aos 17 anos, desde então segue com o tratamento no Hoiol. “Descobri que estava com câncer em fevereiro daquele ano e foi um período muito difícil, sentia muitas dores. No início é sempre confuso, a gente demora a entender que a vida nunca mais vai ser a mesma. Mas com fé e otimismo a gente vem enfrentando o tratamento. No meu caso, passei por cirurgia, radioterapia e quimioterapia. Fiquei bem, já estava fora de tratamento há 4 anos, mas recentemente tive que fazer uma biópsia por conta de uma possível recidiva”, afirmou.

Atualmente com 24 anos, ela recorda a importância das programações para o bem-estar. “Quando estou internada, eu busco participar das atividades. É bom para quebrar a rotina e nos ajuda a viver um dia de cada vez. Nesse momento, a maior preocupação é com a possibilidade de recidiva do câncer. Passei por uma cirurgia de emergência e minha família e eu estamos tentando pensar positivo. Não é fácil conviver com o câncer. Tem dias difíceis, mas outros são recompensadores. A gente aprende a viver o agora da melhor forma possível, e sempre que possível. E essas ações nos ajudam muito”, afirmou Dandhara.

Serviço – Credenciado como Unidade de Alta Complexidade em Oncologia, o Hoiol é referência na região amazônica no diagnóstico e tratamento especializado do câncer infantojuvenil, na faixa etária entre 0 a 19 anos. A unidade é gerenciada pelo Instituto Diretrizes, sob o contrato de gestão com a Secretaria de Estado de Saúde Pública (Sespa), e atende pacientes oriundos dos 144 municípios paraenses e estados vizinhos.