Contação de histórias traz benefícios a pacientes e voluntários no Hospital Oncológico Infantil

A programação, realizada com regularidade na unidade de saúde pública, estimula a criatividade e melhora a adesão às intervenções terapêuticas

Para celebrar o Dia Mundial do Contador de Histórias – 20 de Março, o Hospital Oncológico Infantil Octávio Lobo (Hoiol), em Belém, com a parceria do voluntariado da  Associação Beneficente de Capelania Social (Abecas), promoveu nesta semana uma programação especial para crianças e adolescentes internados na instituição. A peça teatral “A  Menina que Não Gostava de Frutas” narrou a importância desses alimentos para o fortalecimento do metabolismo e prevenção de doenças.

Criada em 1991 na Suécia, a data busca promover a prática da leitura, usada regularmente no Hospital com muita criatividade para, além de entreter, contribuir com o desenvolvimento do público e melhorar a adesão às intervenções terapêuticas. “Utilizamos todo esse universo lúdico para criar uma proximidade com os nossos usuários, trabalhar o imaginário infantil e criar estímulos positivos, os quais são fundamentais para o desenvolvimento  cultural,  emocional, linguístico e  motor das nossas crianças”, explicou a pedagoga Joyce Wanzeler, que integra a equipe de humanização do “Oncológico Infantil”.

Ameniza a realidade – A programação também é um momento de “fuga da realidade” para quem convive diariamente com o enfrentamento do câncer, ajudando a amenizar a ansiedade, as dores e tristezas, e tornar a hospitalização mais leve. 

“Essa é a primeira vez que a gente participa de uma ação do Hospital. E foi muito bom porque estamos  emocionalmente abalados, mas participamos da brincadeira e recebemos uma palavra de conforto. Cada gesto e carinho ajuda a aliviar aquele pensamento voltado para a preocupação; nos fortalece”, disse a moradora do município de Canaã do Carajás (no sudeste), a personal trainer Lidiane Alves de Souza, 32 anos, que acompanha o filho Guilherme Souza, 16 anos.

“Não existem exames de rastreamento para cânceres que acometem crianças e adolescentes, porém os pais devem monitorar febre sem causa aparente, dor de cabeça constante, manchas roxas, vômito, palidez e fraqueza. O pediatra deve desconfiar quando já descartou qualquer outra doença e esses indícios não melhoram com medicação, então encaminhar para um médico especialista para que sejam feitos exames específicos”, enfatizou a oncopediatra.

Cerca de 8 mil casos novos de câncer infantojuvenil devem ser registrados no Brasil para cada ano do triênio 2023/2025, conforme estimativas do Instituto  Nacional do Câncer (Inca). Até fevereiro deste ano, 822 pacientes estavam em tratamento no Hoiol. A Unidade de Alta Complexidade em Oncologia é gerenciada pelo Instituto Diretrizes, sob contrato de gestão com a Secretaria de Estado de Saúde Pública (Sespa).

Apesar de ser considerado raro e compreender uma taxa de 2% a 3% de todas as neoplasias na maioria das populações, o câncer é a principal causa de morte por doença na faixa etária de 1 a 19 anos no Brasil. Não é possível preveni-lo. As chances de cura  são associadas ao diagnóstico precoce em fase inicial, visto que não existem evidências científicas de que a doença é causada por algum fator ambiental, como tabagismo, alcoolismo e infecções por papilomavírus (HPV).

Uma situação vivenciada por Alda Oliveira Torres, 42 anos, despertou o desejo de fazer um trabalho em prol dos pacientes oncológicos. Há dez anos, o pai dos filhos dela passou por tratamento contra o câncer no Hospital Ophir Loyola. As atividades desenvolvidas pelos voluntários funcionaram como passatempo e terapia, e deu forças a ele para suportar três anos de quimioterapia e radioterapia.

“Hoje, sinto uma gratidão muito grande a Deus por estar fazendo por essas crianças aquilo que fizeram por mim um dia. Fazê-las sorrir não tem dinheiro que pague. Só Deus pra recompensar. Já me perguntaram quanto eu ganho, e isso me emociona, porque o sorriso delas não tem preço, não tem dinheiro que pague. O conselho que eu dou é para que todos venham fazer parte dessa contação de histórias, desse momento feliz, pois certamente terão uma experiência muito boa”, afirmou Alda Torres.

Serviço: Credenciado como Unidade de Alta Complexidade em Oncologia (Unacon), o Hospital Oncológico Infantil é referência na região amazônica no diagnóstico e tratamento especializado do câncer infantojuvenil, na faixa etária entre 0 a 19 anos. A unidade é gerenciada pelo Instituto Diretrizes, sob contrato de gestão com a Secretaria de Estado de Saúde Pública (Sespa), e atende pacientes oriundos dos 144 municípios paraenses e de estados vizinhos.