Oncológico Infantil reforça importância de alimentação adequada no tratamento do câncer infantojuvenil

Terapias utilizadas no enfrentamento à doença deixam o organismo dos pacientes mais vulnerável

A manutenção de um estado nutricional adequado em crianças e adolescentes durante o enfrentamento do câncer ajuda a reduzir os efeitos colaterais do tratamento, o risco de comprometimento nutricional e a desnutrição. Para oferecer mais qualidade de vida aos pacientes do Hospital Oncológico Infantil Octávio Lobo (Hoiol), em Belém, a equipe do Serviço de Nutrição e Dietética promove o monitoramento individualizado de cada usuário a partir do momento do diagnóstico da doença.

“Manter um bom estado nutricional antes, durante e após o tratamento oncológico é essencial para ter uma melhor recuperação da doença. As terapias utilizadas deixam o organismo mais vulnerável e o paciente acaba perdendo massa magra, por isso, é imprescindível que a avaliação nutricional seja realizada após o diagnóstico do câncer e ocorra o acompanhamento individualizado no nível ambulatorial e durante a internação, conforme o protocolo assistencial da instituição”, informou a nutricionista do Hoiol, Andreia Silva.

Conforme explica a especialista, a periodicidade das consultas ajuda a identificar o risco nutricional de forma precoce. “Esse trabalho reduz a consequências da desnutrição, que pode ter como causa o próprio tumor e também ocasionar uma maior toxicidade pela quimioterapia ou radioterapia. A partir de uma alimentação balanceada, conseguimos aumentar a tolerância às terapias e promover uma melhor resposta imunológica durante as diferentes etapas do tratamento do câncer infantojuvenil”, explicou.

Para realizar o diagnóstico nutricional, a equipe faz uma triagem com o objetivo de analisar quais pacientes apresentam médio ou alto risco nutricional. “São verificadas as medidas de peso, a altura, a circunferência do braço, o Índice de Massa Corporal (IMC), a ingestão alimentar, os exames laboratoriais e a capacidade funcional do paciente. Também são consideradas as reações adversas ao tratamento, como diarreias, enjoo, vômitos e mucosites, além de alterações de digestão e absorção de nutrientes”, detalhou.

A nutricionista destaca que devem ser priorizados os alimentos ricos em nutrientes (vitaminas e minerais) e de fácil digestão, como carnes magras, peixes, cereais, assim como frutas, verduras e legumes cozidos. “Por outro lado, devem ser evitados, principalmente por aqueles com redução da contagem de neutrófilos no sangue (neutropenia), os alimentos crus, gordurosos, embutidos, irritantes (ácidos e com excesso de condimentos), as bebidas gaseificadas e os ultraprocessados, como os biscoitos recheados e macarrão instantâneo. O açaí somente deve ser consumido se tiver passado pelo processo de branqueamento”, orientou.

Aprendizagem – Em alusão ao Dia Mundial da Alimentação, celebrado no último dia 16, foi realizado na quarta-feira (18) um “Quiz sobre Mitos e Verdade”, em que as crianças e adolescentes responderam sim ou não para as afirmativas relacionadas à alimentação adequada. Os pais também participaram fazendo a deglutição de alimentos sólidos macios e secos.

A programação foi realizada em parceria com a equipe de fonoaudiologia, que é responsável por atuar com o aspecto funcional da alimentação.

“Atuamos para garantir que os pacientes se alimentem de forma adequada e segura, ou seja, que o alimento se desloque até o estômago, e não para o pulmão, evitando assim episódios de pneumonia broncoaspirativa. Também proporcionamos uma mastigação eficiente, uma deglutição adequada e uma respiração no padrão normal”, informou a fonoaudióloga Nahone Sarges.