Cânceres que acometem o sistema linfático são o terceiro tipo mais frequente no público infantojuvenil, atrás de leucemias e tumores do sistema nervoso
Destacar a participação ativa de pacientes, familiares e profissionais de saúde para a melhoria da qualidade da segurança e da assistência é um dos objetivos da campanha mundial “Setembro Laranja”. Em Belém, o Hospital Oncológico Infantil Octávio Lobo (Hoiol), que é referência no diagnóstico e tratamento especializado do câncer infantojuvenil, integrou, na segunda-feira (18), uma ação desenvolvida pelo Secretaria Estadual de Saúde (Sespa) para reforçar a cultura de segurança nos hospitais público estaduais.
A programação reuniu diretores e coordenadores para debater assuntos referentes à temática e, posteriormente, envolveu usuários e responsáveis na brinquedoteca do 5º andar. O tema deste ano ‘Eleve a Voz dos Pacientes’ enfatiza que cada usuário, ou responsável em caso de menor de idade, pode contribuir para a segurança dos cuidados e do sistema de saúde como um todo.
Durante o “Setembro Dourado”, o Hospital Oncológico Infantil Octávio Lobo (Hoiol) reforça o alerta para os profissionais de saúde e população, em geral, sobre a importância do diagnóstico precoce dos principais cânceres que afetam o público infantojuvenil. Entre eles, há os linfomas que acometem as células do sistema linfático, conhecidas popularmente como ínguas e gânglios. Um levantamento realizado pelo o Registro Hospitalar de Câncer do hospital, apontou que, no período de 2019 a agosto de 2023, a unidade recebeu 117 casos novos de linfomas.
Os gânglios são pequenos “caroços” responsáveis por transportar os linfócitos (glóbulos brancos), indispensáveis no combate a infecções e no fortalecimento da imunidade. Quando as células dos linfonodos se dividem, podem sofrer mutações, se multiplicar de forma acelerada e se disseminar pelo organismo, ocorrendo os linfomas. Esses tumores podem acometer pessoas de todas as idades.
A oncopediatra do Hoiol, Gabriela Botelho, explica que a doença é classificada em dois subgrupos, conforme o tipo de linfócito afetado. “O Linfoma de Hodgkin é caracterizado pela presença dos linfócitos Reed-Sternberg, costuma ter uma evolução mais lenta e ocorre com mais frequência em adolescentes e adultos. Enquanto o Linfoma não-Hodgkin, entre eles o Linfoma de Burkitt, não apresenta essas células em sua composição, tem evolução rápida e é mais agressivo, sendo mais incidente em crianças”, esclareceu.
O Instituto Nacional do Câncer (Inca) aponta que o câncer representa a primeira causa de morte por doença entre crianças e adolescentes de 1 a 19 anos. Porém, o Instituto destaca que cerca de 80% dos casos de câncer infantojuvenil podem ser curados quando diagnosticados em fase inicial. Para isso, os especialistas ponderam que as crianças devem passar por consultas e exames regulares e os profissionais de saúde devem reconhecer os sintomas de alerta para que a doença seja identificada e a intervenção terapêutica seja iniciada o mais depressa possível.
“O diagnóstico precoce faz com que iniciemos o tratamento numa fase menos avançada, que além melhorar o prognóstico, reduz as intercorrências ocasionadas pelo efeito da quimioterapia mais forte e aumenta a chance de cura. É preciso falar sobre o tema, pensar na doença quando a criança ou o adolescente fica doente, porque muitas vezes os sintomas são confundidos com outras doenças comuns a essas faixas etárias. Não se pode ter medo de diagnosticar, o perigo está em não tratar o câncer”, destacou Gabriella Botelho.
Os principais sintomas associados aos linfomas são os aumentos das ínguas localizadas no pescoço, axilas e virilhas, assim como febre diária, suor noturno excessivo e perda de peso. Dor abdominal, massa na região torácica, falta de ar, tosse e vômitos também podem sugerir o diagnóstico. “Quando esses sintomas estiverem presentes, um pediatra precisa ser consultado e avaliar a necessidade de solicitar exames de sangue e de imagem, geralmente uma ultrassom e, diante da suspeita, encaminhar o paciente para o Hospital Oncológico infantil, onde será definido o diagnóstico”, orientou a oncopediatra.
O tratamento é realizado por meio de protocolos com uso de diferentes drogas quimioterápicas e pode também haver a necessidade de radioterapia, em caso de Linfoma de Hodgkin. O transplante de medula autólogo – no qual é utilizado células progenitoras do próprio paciente, só é indicado quando o recurso terapêutico não tem uma boa resposta ao protocolo de primeira linha. A maioria dos pacientes responde bem ao tratamento.
Texto de Leila Cruz / Ascom Hoiol
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