Procedimentos inovadores no serviço visam a captação de novos doadores e o uso de plataforma digital para agilizar a realização de auditorias
Com o auxílio de um aplicativo de gerenciamento de pesquisas, a Agência Transfusional do Hospital Oncológico Infantil Octávio Lobo (Hoiol), em Belém, adaptou o preenchimento de informações sobre procedimentos transfusionais. Desde o início do ano, a iniciativa, que conta com formulários elaborados pelo biomédico da instituição, Matheus Bernardes, garante maior agilidade e segurança aos receptores. O serviço aplica ainda medidas que visam a sustentabilidade e a captação de novos doadores.
Mensalmente, o Hoiol realiza de 300 a 500 transfusões. Desse total, cerca de 50 a 60% dos hemocomponentes mais requisitados são concentrados de plaquetas, uma particularidade que levou à criação de um banco de doadores internos, composto por colaboradores e voluntários da instituição.
Atuando em parceria com o setor de gerência em captação de doadores da Fundação Centro de Hemoterapia e Hematologia do Pará (Hemopa), o Hoiol realiza a reposição mensal de, ao menos, 50% das bolsas utilizadas. Internamente, o Grupo de Trabalho de Humanização e os voluntários da instituição contribuem para essa recolocação.
O coordenador do Serviço de Apoio ao Diagnóstico Terapêutico do Hoiol, Márcio Moraes, explica que desde 2019, devido à mudança de um protocolo de tratamento das leucemias infantis, a instituição alterou o protocolo BFM (que utiliza a chamada terapia de reindução durante a fase de consolidação) pelo Hella (adaptado e fornecido pelo Grupo Brasileiro de Tratamento de Leucemia na Infância – GBLTI), que recomenda o uso de plaquetas por aférese, um tipo de doação diferenciada da tradicional.
“Nesse tipo de doação, recomenda-se que tenhamos um doador de repetição do sexo masculino, e que haja a contagem de plaquetas adequadas para esse tipo de doação. Devido à essa recomendação, pensamos em criar um banco interno de doadores, que se chamará “Colaborador Doador”. Já existem pessoas catalogadas, com nome completo e tipo sanguíneo. O próximo passo é fazer uma pré-triagem antes de realizar o agendamento de doação por aférese”, antecipou Moraes.
Sustentabilidade – O uso do aplicativo Formulários do Google na hemovigilância é uma das práticas sustentáveis adotadas no Hoiol. Com a adesão da plataforma, o setor aplicou o formulário “Controle de Conformidade do Processo Transfusional”, um trace manual que passou a ser digital, reduzindo o consumo de papel.
“Além da redução de folhas de papel A4 utilizadas diariamente, adotamos outra prática interna sustentável: separar um resíduo plástico das placas das tipagens sanguíneas, que são direcionadas às organizações não governamentais responsáveis pela coleta de resíduos recicláveis na unidade”, explicou Moraes.
Controle digital – A idealização do formulário iniciou em dezembro do ano passado e o recurso foi implementado em janeiro deste ano. A readequação das auditorias contou com a ajuda dos técnicos de laboratório e de toda a equipe da agência.
“A auditoria passou a ser digital, favorecendo novas possibilidades de processamento de dados. O consumo de mais de 500 folhas por mês, por causa da quantidade de transfusões, fez com que pensássemos em outras possibilidades de realizar as auditorias. Lembrei de um professor que me orientou e que usava como metodologia o Formulários do Google, que é um aplicativo específico para formulários. Adaptamos as perguntas e com essa nova metodologia, conseguimos registrar evidências e verificar parâmetros necessários para realizar essa auditoria”, disse Bernardes.
Outro benefício do uso do recurso é a facilidade do acesso à informação. Com internet é possível conferir os dados pelo computador, celular, tablet. “Podemos alimentar e fazer auditorias em qualquer dispositivo com acesso à internet. O trace antigo, o de forma manual, permitia a análise do pré-analitico, do analítico e do pós analítico, mas agora, com o trace digital, é possível fazer tudo isso de modo mais simples e rápido. Preciso apenas levar o celular para auditar documentos nos andares e coletar as informações. Adapto as perguntas e o Google disponibiliza, por link, o formulário, permitindo o envio para que qualquer pessoa possa efetuar o preenchimento”, explicou o biomédico.
O aplicativo consolida todas as informações que antes constavam no formulário físico. Por meio da plataforma, os colaboradores têm visão ampla dos trâmites de forma viável e fidedigna, o que facilita o relato e o acompanhamento do dia a dia laboral.
“Otimizamos o tempo e as condutas ficam todas localizadas no prontuário para que possamos comparar as solicitações e o registro transfusional. Antes, o preenchimento do formulário durava mais de dez minutos, mas, com o novo recurso, o tempo foi reduzido para um minuto. O que era papel, virou digital”, celebrou a técnica de laboratório da Agência Transfusional do Hoiol, Antonia Almeida.
Texto: Ellyson Ramos, com informações de Leila Cruz
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