Distúrbio da comunicação é comum entre 5 e 10 anos e afeta o desenvolvimento infantil
A voz humana consiste no som produzido pelas vibrações das cordas vocais sob pressão do ar que percorre a laringe. Desde o nascimento, é uma das principais ferramentas da comunicação humana. E neste domingo (16) – Dia Nacional da Voz, para destacar a importância desse instrumento de interação social para a qualidade de vida, a fonoaudióloga do Hospital Oncológico Infantil Octávio Lobo (Hoiol), Nahone Sarges, orienta sobre os cuidados que devem ser tomados com a saúde vocal das crianças.
É comum a criança desenvolver distúrbios vocais, principalmente quando está imersa em lugares ruidosos, como o ambiente escolar. Apesar de passarem despercebidos pelos pais, alguns sintomas podem alertar para presença de nódulos ou lesões nas cordas vocais dos filhos.
“Os problemas vocais são muito comuns na faixa etária entre 5 a 10 anos, período em frequentam ambientes ruidosos, e usam a voz de forma inadequada em uma fase em que o aparelho fonador ainda está em desenvolvimento. A criança faz competição vocal, fala mais alto que o necessário, por isso é importante prestar atenção se ela apresenta rouquidão ou até mesmo ausência da voz”, elucida Nahone Sarges.
A fonoaudióloga revela alguns cuidados que devem ser tomados para manter a saúde vocal dos pequenos. “Os pais devem assegurar um ambiente familiar saudável, tranquilo, sem muito barulho e incentivar os filhos a manter uma postura ereta, bem como beber água para hidratar as cordas vocais. Também orientamos a comer maçã, uma fruta adstringente que ajuda a limpar as estruturas responsáveis pela emissão de som, ou seja, tirar as secreções fazendo com que elas vibrem melhor, bem como evitar que a criança sussurre e grite muito”, orienta.
O abuso vocal também é usual quando a criança apresenta rinite, amigdalite e sinusite. Em caso de alterações, um otorrinolaringologista deve ser consultado e o paciente encaminhado ao fonoaudiólogo para iniciar o tratamento o mais breve possível para que os sintomas não evoluam e atrapalhem o desenvolvimento infantil.
Além dos casos citados, Nahone Sarges também explica que as intervenções terapêuticas a longo prazo e os tumores sólidos de cabeça e pescoço e do sistema nervoso central podem causar alterações, inclusive de linguagem oral e escrita. “Geralmente, esses pacientes apresentam alteração no padrão vocal, a exemplo da disfonia, um distúrbio caracterizado pela dificuldade na emissão da voz. As dificuldades na fonação e dicção podem ser temporárias ou permanentes e podem ser causadas pelo próprio tumor ou durante o tratamento”, informa a fonoaudióloga.
No Hospital Octávio Lobo, que é referência no tratamento do câncer infantojuvenil, a equipe de fonoaudiologia atua na reabilitação da voz dos usuários. “Utilizamos exercícios específicos para estimular as estruturas da laringe e fortalecer a musculatura da face para reabilitar a voz dos nossos pacientes, como aqueles que apresentam traqueostomia. Quando conseguimos restabelecer o fluxo vocal, eles conseguem se comunicar melhor e ter qualidade de vida”, afirma a profissional de saúde.
Essa é a esperança de Mariléia Oliveira, 27, que acompanha João Miguel, 5 anos, em tratamento contra linfoma há dois meses. Mãe e filho vieram do município de Santa Maria do Pará em busca de atendimento na capital paraense. João precisou ser entubado duas vezes devido à dificuldade respiratória ocasionada pelo linfoma, localizado entre os pulmões.
“Na segunda vez que ele voltou da UTI, começou a apresentar uma voz rouca e muito baixa. Hoje foi avaliado com a fonoaudióloga para dar início ao tratamento. Ele gosta muito de conversar, sei que não vai ficar cem por cento, mas ela disse que a voz dele vai melhorar bastante. Isso já me tranquiliza”, diz Mariléia.
Serviço: Credenciado como Unidade de Alta Complexidade em Oncologia, o Hoiol é referência na região amazônica no diagnóstico e tratamento especializado do câncer infantojuvenil, na faixa etária entre 0 a 19 anos. A unidade é gerenciada pelo Instituto Diretrizes, sob o contrato de gestão com a Secretaria de Estado de Saúde Pública (Sespa), e atende pacientes oriundos dos 144 municípios paraenses e estados vizinhos.
Texto de Leila Cruz / Ascom Hoiol
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